quinta-feira, março 17, 2011

Geração À Rasca

Por estes dias, fala-se muito em Portugal sobre a “geração à rasca”: o movimento que engloba cidadãos descontentes com o estado calamitso do quadro econõmico, político e social do país. Composto por todo tipo de gente, mas principalmente por estudantes, o movimento organizou, na semana passada, manifestações em algumas cidades do país (Coimbra, inclusive), protestando contra a crise, o desemprego, o corte nos auxílios estatais, a precariedade laboral, o estado da educação, entre outras causas.

De facto, Portugal está numa situação desesperadora. A decadência está a olhos vistos, é difícil arrumar emprego, cada vez mais portugueses sofrem de depressão e ansiedade, necessitando de medicamentos contra essas moléstias, a indústria não mostra vigor e o Estado está falido. “Crise, crise, crise” é o que se ouve o tempo inteiro, e já não são poucos os portugueses que estão desesperançados com o futuro do país. Li hoje, por alto, que o país precisa de algo como 80 000 000 000 de euros para o financiamento em 2011, englobando aí o Estado, as autarquias, as empresas e outros agentes*. É realmente calamitoso o estado de Portugal.

Agora, também é facto que o actual Governo do PS (José Sócrates à frente) foi reeleito à 27 de Setembro de 2009 por estes mesmos portugueses que agora tanto protestam e pedem a sua demissão, bem como à de toda a classe política. Não é a primeira vez que fazem isso: já em Outubro do ano passado houve uma greve geral contra o governo e suas medidas anti-crise.

Aí é que está o mistério: não sabiam os portugueses que Primeiro-Ministro tinham? Já não conheciam seu estilo, seu programa, seus objectivos? O país já não estava muito mal antes das Legislativas de 2009? José Sócrates já não tinha sido o pivô de casos bastante estranhos então (Face Oculta, U. Independente, Outlet Alcochete)? Por que o reelegeram? Será que as outras opções eram tão ruins que, com tudo o que estava, preferiram ficar mais ou menos na mesma**? Agora que reelegem o homem e sua turma reclamam indignados? O que e que é isso?

Tampouco adianta pedir a demissão de toda a classe política. É uma atitude burra, imatura e desesperada. Políticos, sempre os teremos entre nós, às vezes bons, às vezes ruins. Já tive meu flerte com essa atitude há uns 5 anos atrás, mas depois vi a bobagem que era.

Por essas e por outras, tenho reservas em relação à tal “geração à rasca”: são mais destrutivos e desesperados do que propositivos e inteligentes. Portugal não precisa de ácido, de desesperança e de anarqia, mas sim de propostas alternativas inteligentes, sensatas, além de pessoas e meios para as concretizar.

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(*) Cito com pouca exatidão porque o faço de memória. Vou procurar depois as informações mais precisas.
(**) “Mais ou menos” porque, pelo menos, retiraram do PS a maioria absoluta de que ele desfrutava há tempos e deram ao CDS/PP, o partido conservador mais expressivo de Portugal, o terceiro lugar em númeo de votos, o que já é grande melhora.

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terça-feira, março 15, 2011

Retorno

Desde a Quarta-feira que estou de volta à Coimbra. A viagem foi mais cansativa do que o habitual, pois, desta vez, ao invés de um vôo direto Fortaleza-Lisboa, fiz conexão em Madrid para só depois chegar à capital portuguesa. Mas foi tudo muito tranquilo.

Fiquei os primeiros dias numa pensão, enquanto buscava um novo quarto para morar. Esta época é bem melhor do que setembro, quando o número de casas disponíveis parece ser maior do que o de estudantes em busca de alojamento. Depois de alguma procura, aluguei um quarto na Alta, Rua do Loureiro, a mesma na qual um primo meu morou anos atrás, quando também estudava na FDUC. A casa é velha, mas o quarto é confortável, perto da Faculdade, e o casal que cá mora é bastante gentil, especialmente a senhora.

Estou mais tranquilo agora do que estava em setembro. Agora, com essa importante providência tomada, o negócio é arregaçar as magas e estudar muito. Ao trabalho!

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