terça-feira, março 25, 2008

Coimbra, 3ª cidade?‏

Leio n' A Cabra, o Jornal Universitário de Coimbra, na edição do passado 11 de Março, uma interessante reportagem sobre um tema já antigo para os portugueses: qual o lugar de Coimbra em Portugal? Seria a "cidade dos doutores" a terceira cidade do país, a seguir a Lisboa e ao Porto?
Como já disse, esse assunto é já velho por aqui: Coimbra, que já foi capital portuguesa em tempos medievais, assistiu a um longo processo de estagnação que ainda hoje, apesar do crescimento observado nos últimos anos, manifesta seus efeitos na vida da urbe.
Para explicar melhor a situação da cidade, recorro aos resultados de alguns estudos apresentados pela reportagem. De acordo com o coordenador do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da Universidade da Beira Interior (ODES/UBI), José Ramos Pires Manso, 2Coimbra está bem colocada, na 15ª posição, em 278 municípios, o que é uma classificação muito boa." Paulo Peixoto, sociólogo do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC), segue uma linha um pouco parecida, ao afirmar que apesar do importante papel que a cidade ainda desempenha no País, "o papel de Coimbra foi-se reduzindo em termos funcionais e em termos simbólicos", tendo como razões para tal a bipolarização de Portugal, entre Lisboa e Porto, e o surgimento de vários pólos universitários espalhados por todo o país." O semanário Sol, num estudo que abrange 11 municípios, classificou a cidade do Mondego em terceiro lugar, tendo como parâmeros saúde, cultura turismo, ambiente, economia e emprego, tolerância, entre outros. Saindo já do plano puramente português, Paulo Peixoto diz que Coimbra é a terceira cidade portuguesa mais conhecida internacionalmente, perdendo apenas para as metrópoles Porto e Lisboa.
Entretanto, há quem, com razões bem fundadas, mostre que a cidade tem deficiências suficientes para retirá-la do tão pretendido terceiro lugar no quadro nacional. Carlos encarnação, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, diz que "Coimbra já não é aterceira cidade do País. Em termos de população e dinâmica económica foi ultrapassada por outras." Não deixa de ter razão, pois há tempos que cidades como Leiria, Braga e Aveiro têm conhecido certo progresso económico e populacional, o que fez com que Coimbra perdesse o espaço que desfrutava. Além disso, o fraco tecido empresarial do concelho (a economia local é baseada na prestação de serviços) limita o desenvolvimento económico da cidade, e os grandes projectos de investimentos públicos, como, por exemplo, de transportes,ainda não puseram a "cidade dos estudantes" em seus planos.
Como contraponto, Coimbra apresenta pontos bastante positivos no que concerne aos serviços públicos, ao mercado laboral (um ponto bastante importante, especialmente agora que Portugal atravessa uma séria crise económica) , cultura e lazer, segurança pública, saúde e, principalmente, ensino universitário. Esses dois últimos pontos talvez sejam os mais importantes : Coimbra é um centro de excelência nacional em saúde e ensino superior.
Apesar de todos os problemas, Coimbra ainda ocupa um lugar invejável no coração dos portugueses. Nas palavras do vereador Vítor Batista, "o País olha para nós como uma referência pela sua tradição e pelas lutas que assumimos." E tem razão: Coimbra é uma cidade com um passado rico como uma grande cidade medieval portuguesa, e enriqueceu ainda mais com o advento da Universidade, uma das mais respeitadas do mundo. Uma cidade de batalhas, saberes, poetas, juristas, filósofos, políticos, sonhos e amores. Ligados à Coimbra estão os nomes de Camões, Pedro da Fonseca, Jerónimo Osório, Almeida Garret, Eça de Queiroz, Antero de Quental, Eugênio de Castro, António Nobre, Camilo Pessanha, Salazar e tantos outros. Diante disso, fazem perfeitamente sentido as palavras do ex-presidente da CM de Coimbra, Manuel Machado: "Coimbra não é a terceira cidade do País, é a primeira."

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sábado, março 01, 2008

718 Anos


Hoje a Universidade de Coimbra completou 718 anos. Ela foi fundada, sob o nome de Studium General em 1290, em Lisboa, e não aqui, pelo “Rei Trovador” D. Dinis. Basicamente, ministravam-se cursos de Leis (Direito Romano), Cânones (Direito Canónico), Medicina e Teologia. Em Coimbra, como em Salamanca e Bolonha, a Ciência do Direito era a mais valorizada, ao contrário do que se passava em Montpellier, onde a Medicina possuía a primazia.

Ainda devo cá mais sobre a História da cidade e da Universidade de Coimbra, e pretendo sanar essa dívida logo. Por enquanto, quem quiser, pode conferir algo no site da FDUC.

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