O nº 228 da revista Sábado (para variar, comento as notícias com atraso) trouxe uma interesatísima reportagem sobre como os livros escolares de História portugueses ocultam os massacres comunistas, promovem o anti-americanismo e condenam o capitalismo. Não consigo deixar de ver aí um interessante paralelo com a reportagem "Prontos para o Século XIX", que a revista Veja publicou, salvo me engano, no mês passado no Brasil.
A matéria de
Sábado, assinada por Maria Henrique Espada, atesta que vários manuais utilizados por estudantes do 9º e 12º anos, concernentes à História do Século XX e que receberam aprovação governamental para serem comercializados, "contêm exemplos de catequização ideológica de extrema-esquerda evidente". Algo aceitável em cursos de formação/doutrinação de partidos como o
PCP são vendidos como educação histórica.
A reportagem foca-se em apenas 9 exemplos escolhidos à esmo entre várias obras. Comentarei aqui 6 deles, e ficará claro o crime que se comete contra os estudantes e a educação portuguesa em geral:
1) De acordo com Caminhos da História, 12º ano, vol.I, Ed. ASA, independentemente do que se pense sobre o comunismo, a economia dos países socialistas era muito desenvolvida, a agricultura era bastante produtiva, racional, e a industrialização planificada evitou a superprodução. Bem, quem quer que conheça a realidade sabe que nesses países existia uma subprodução crónica de vários bens essenciais, subprodução ainda existente nos países socialistas remanescentes. A penúria é a regra do socialismo;
2) O mesmo livro, em seu vol. III, faz uma pesada condenação aos EUA, considerando-os uma superpotência imperialista, arrogante e unilateralista que têm reforçado estas características a partir de 1990, numa escalada de apropriação da geopolítica global. A realidade, entretanto, é que a influência norte-americana na economia mundial é, de forma geral, benéfica a muitos países, mesmo onde o anti-americanismo é forte. Além disso, em relação ao "assustador arsenal de alta tecnologia", é preciso lembrar de que não se trata de um monopólio ianque: a Rússia e a China, países muitas vezes hostis aos EUA, também o possuem, além de outros;
3) Em pelo menos 3 livros, o ditador chinês Mao Tsé-Tung é mostrado de uma forma bem diferente da real. Não como um déspota genocida ou o responsável pelo empobrecimento de um país que já poderia ser uma potncia mundial há tempos, mas como um "reformador social" que revigorou a economia chinesa, criou comunas poulares sociais auto-suficientes e era entusiasticamente apoiado pela juventude. Tudo isso com relativamente poucas ou mesmo nenhuma vítima. O facto é que o maoísmo matou cerca de 60 milhões de chineses (
O Livro Negro do Comunismo), uma cifra reconhecida mesmo pelo PC chinês. Sobre isso, o especialista em política internacional Miguel Monjardino diz que "a fome levou os chineses ao canibalismo, havia bebés vendidos para serem cozidos - Mao foi o grande engenheiro da morte, foi quem, com Estaline, mais pessoas matou no século XX";
4) O livro Novo Clube de História, da Porto Editora, em sua parte 2, dedica-se a louvar o regime de Fidel Castro, apresentando-o como uma revolução originariamente democrática e que passou a ser socialista somente após o bloqueio norte-americano . As dificuldades daí advindas, segundo o manual, não impediram que o regime do "dirigente cubano" alcançasse bons resultados na saúde, na educação e na agricultura. A realidade, no entanto, diz que essa é a imagem clássica da propaganda castrista, que a educação e a saúde do país não sofreram melhoras significativas desde a Revolução, que a agricultura cubana é arcaica e ineficaz, e que Fidel é um ditador, e não um "dirigente";
5) O presidente chileno Salvador Allende preparava a instauração de um regime socialista em seus país, mas acabou por suicidar-se ante o golpe de 11 de setembro de 1973, que instituiu o regime de Pinochet. Entretanto, segundo o manual Caminhos da História, 12º ano, vol.I, Ed. ASA, ele foi um democrata assassinado durante o ataque da Força Aérea à sede do governo chileno;
6) Portugal e a UE também conhecem deturpações. A presidência portuguesa da UE é apresentada como muito bem sucedida, que reforçou as relações UE/África, bem como entre os Estados membros, além de promover um maior respeito aos direitos humanos no continente africano. A verdade é que o Tratado de Lisboa está emperrado e há várias divergncias entre os Estados membros. Além disso, o Sudão foi acusado de prática de genocídio e a situação do Zimbábue degradou-se bastante.
Como se vê, a situação é séria. Muitos jovens portugueses estão recebendo doutrinação comunista em sala de aula ao invés de instrução de qualidade, cultura sadia. É assim que pretendem assegurar o futuro da nação portuguesa, com mentiras e perversões ideológicas? É essa a "educação" escolar oferecida pelo governo José Sócrates? Tudo isso mostra que é prudente desconfiar seriamente da educação histórica escolar portuguesa.
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