domingo, abril 26, 2009

Despedidas

No sábado, 25 de Abril, fui à festa de despedida de um colega meu, no Tapa's Bar, às 23:00 . Num dia de festa nacional, talvez a maior festa nacional portuguesa, o ponto alto das comemorações para mim foi uma festa privada.

Foi uma bela despedida, bem diferente das que estou acostumado a ver desde 2005, quando iniciei minhas andanças europeias. Essas despedidas as quais me refiro são normalmente festas de arromba regadas a muita bebida, música alta, e animada, ao mesmo tempo em que as pessoas choram e sofrem com a saudade antecipada daquele que se despede. As lágrimas não são poucas, e e têm uma explicação bastante simples: para nós estudantes, os colegas e amigos fazem as vezes dos nossos familiares. Aqui não temos pais, irmãos ou tios. Portanto, temos de confiar nos amigos. São eles que nos apóiam diariamente e ajudam directamente. Por isso, a ida de um deles é como a ida de um parente legítimo.

Mas, como eu dizia, a despedida de ontem foi bem diferente. E o foi por não ter choro nem ranger de dentes. Foi uma festa animada, onde se bebeu muito, se dançou muito (apesar de o bar se ter praticamente entupido de tantas pessoas), se riu muito, se divertiu muito. Não vi espaço para a tristeza. Meu colega, que fez mestrado aqui em Coimbra e doutorado em Aveiro, deve ter saído com a sensação de que não seria esquecido, de que seria querido por todos e de que a amizade continuará.

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sábado, abril 25, 2009

25 de Abril‏



Hoje é o aniversário do 25 de Abril. A Revolução dos Cravos completou 35 anos. Na mídia, na política e mesmo nos meios académicos a celebração foi enorme. Fotos, cartazes, depoimentos, entrevistas, análises, documentários e o que mais havia sobre o tema foi exibido e explorado à exaustão.

Mas o povo não ficou indiferente à data, o que se pode comprovarcom as várias passeatas e manifestações por todo o país, além do hábito, principalmente por parte dos mais velhos, de espetar um cravo no peito esquerdo. Entretanto, cabe notar que as manifestaões populares focaram-se mais na comparação das promessas e dos factos do 25 de Abril com a situação crítica que o país atravessa, especialmente devido à crise financeira que estoirou no ano passado. Ainda assim, não deixo de fazer um paralelo entre o entusiasmo com que é comemorada a Revolução dos Cravos e a apatia brasileira em relação ao 7 de Setembro. Realmente, é lamentável, é uma pena mesmo.

Quanto a mim, católico e liberal-conservador, não nego a importância do 25 de Abril lusitano, mas não consigo entusiasmar-me muito com a data. Sim, ela devolveu a democracia ao país, mas também quase se transformou numa revolução comunista, com todas as suas conseqüências: perseguição antirreligiosa, confisco de propriedades, estatização económica, liquidação da oposição política, conversão de Portugal num país-satélite da URSS, etc. Felizmente, nada disso aconteceu. Melhor comemorar hoje o dia de São Marcos, apóstolo e evangelista. Aliás, eu só soube disso no próprio dia durante a catequese.

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sexta-feira, abril 10, 2009

Aníbal Almeida (1936 - 2002)‏

Inicio minha prometida série de perfis dos professores da FDUC com um texto sobre o Prof. Doutor Aníbal Almeida.

Eu nunca fui aluno do Professor Aníbal Almeida. Ele faleceu quatro anos antes de eu vir para Coimbra. No entanto, ele continua presente na vida dos estudantes da cadeira de Finanças Públicas da FDUC.

O Professor Doutor Aníbal José Monteiro Santos de Almeida nasceu na Covilhã, pequena cidade que hoje conta com cerca de 54 505 habitantes e está localizada na entrada da Serra da Estrela, a 14 de Março de 1936. Doutorou-se em Direito (área das ciências jurídico-económicas) aos 52 anos. No ano 2000 tornou-se professor catedrático. Durante o tempo em que lecionou na Universidade de Coimbra ocuppou-se das cadeiras de Economia Política, Finanças Públicas (salvo engano, ele foi o segundo responsável pela cadeira depois que ela foi regida por António Oliveira Salazar), Direito do Trabalho, Análise Económica, Direito Fiscal, Economia e Direito da Economia.

Além disso, ele exerceu diversos cargos: foi vice-presidente do Conselho Pedagógico da FDUC, presidente da Comissão de Gestão da FEUC, membro da Comissão Consultiva do Instituto de Alta Cultura para as Ciências Humanas e Sociais, e membro do Conselho Consultivo para as Ciências Humanas e Sociais do Instituto Nacional de Investigação Científica. Teve também uma distinção internacional: a Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha.

Autor de livros como Prelúdio à Reconstrução da Economia Política, Sobre o Estado e o Poder, a Economia e a Política e Do "Oscilador de Samuelson" ao Espetáculo da "Propulsão", o Prof. Aníbal Almeida foi, sem a menor sombra de dúvida, um homem muito culto e com enorme conhecimento daquilo que fazia. Entretanto, não julgo que ser claro, directo e mesmo didático estivesse entre suas características. Seus estilo fortemente técnico, aliado ao uso frequente de expressões entre aspas e em itálico, além de um recurso a uma ironia ácida e pesada não saõ mesmo de molde a facilitar o entendimento da matéria. E isso parece que refletiu-se em suas aulas, sobre as quais alguns de seus antigos alunos não hesitam em confirmar o rigor que nelas aplicava, bem como aos exames (conta-se que, certa vez, o exame de Finanças Públicas consistia em elaborar o Orçamento de Estado de Portugal!). Não preciso dizer que o chumbo foi grande entre os alunos, nem que estes o temiam seriamente.

Mas isso não deve fazer-nos olvidar o erudito em Economia e Direito, com estudos interessantes sobre a racionalidade do Estado ou Governo como operador macroeconómico, nem mesmo em tê-lo em má conta.

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domingo, abril 05, 2009

Duas considerações

Hoje, Domingo de Ramos, a missa na Sé Velha foi especial. Ao invés de a começarmos dentro da igreja, como sempre, a começamos fora, ao lado da Oliveira Milenária (a oliveira de cerca de 1100 anos, originária de uma vila a 30 km de Coimbra, que foi transplantada para a Sé Velha em 2008). Relembramos a Festa de Ramos, recordando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e, já na igreja, leu-se a Última Ceia, a agonia do Getsêmani, a traição de Judas, o julgamento de Jesus e a negação de Pedro. O padre falou muitas vezes, em respeito a tudo isso, sobre a verdadeira amizade e o verdadeiro amor. Ele já falara isso antes, na catequese, na de ontem e nas anteriores. Isso tudo são maravilhas que merecem melhor trato do que o que dou aqui.

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Não é de hoje que penso no que tive de renunciar para vir estudar cá em Coimbra. E eu confesso: estudar aqui é uma experiência única. Mas paga-se um alto preço, e não falo aqui de dinheiro, mas sim de amigos, família, projectos, oportunidades, trabalho, etc. Espero voltar logo para o Brasil ainda neste ano, definitivamente. Não sei até qundo suportarei pagar o preço que estou pagando.

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